sexta-feira, 3 de março de 2023

NOTA DE LEITURA DE ARMANDINA MAIA Para "DELIRIUM"

Nota de leitura do meu livro DELIRIUM (maio de 2021, Urutau),

por Armandina Maia

DELIRIUM de Adília César - O poema contínuo*

"Algo está sempre a acontecer. Por isso escrevo. Escrevo porque algo aconteceu ou acontece". Cito estas palavras de Ana Hatherly pela cumplicidade que estabelecem com a poesia de Adília César.
Em Delirium, a autora prossegue o questionamento das suas obras anteriores, centrando-se no valor fulcral do silêncio, que amplia a sua liberdade para "Descrever a amplitude de um silêncio, de dentro para fora e do preenchido para o vazio".
Mas "O poema não é um sonho ou uma metáfora/ é um galope pela boca adentro". É como se, sob a pele das palavras do poema, corresse uma narrativa sempre inacabada “Uma, duas, três palavras… como se fossem coleiras vazias de cães".
Sempre o silêncio, uma das armas desta escrita, a interrogação suspensa que atravessa o texto em que “Entrar é lembrar e sair é esquecer”. A ousadia e amplitude desta poesia confere a Adília César sem sombra de dúvida um lugar singular na poesia portuguesa.
"Já não há longe nem distância, apenas/ reconheço as nossas cabeças pensantes/ à solta no firmamento". Ou, como a mesma diz em artigo recente (Lógos, 06.03.2021) "Não há poesia sem dúvidas, sem questionamento e sem as divergentes linhas de resposta, mas alguém há-de sobreviver (..) entre abismos, quedas e cadeirões de veludo."

*Armandina Maia, Associação Portuguesa de Críticos Literários

(nota de leitura incluída no livro)



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