terça-feira, 10 de maio de 2022

Poema


Laura Makabresku


Escrever um poema não é bordar uma toalha de mesa e dar um título à tua tragédia apenas evidenciará o óbvio.
A verdade:
ninguém quer saber do escuro ou dos esqueletos que dançam nos cantos da casa. O melhor será varrer os despojos para debaixo do tapete: alfinetes, vozes de crianças, flores de compaixão que sabem a chamas. Ninguém os verá, mas tu sabes que os fantasmas estão ali, cobertos por fatiotas de ironia. E no apogeu da festa, tocar pequenos clarins de dor para anotar na consciência uma doce tristeza na medida justa.
Amanhã é um outro dia que não vai chegar.
É preciso preservar o manuscrito ainda inédito.


Adília César
in "Nocturna", Edições HÚMUS, colecção 12catorzebold (nº 34, abril de 2022)


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