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Arte de Isabel Afonso |
Sentava-me numa relva de jardim à tua
espera:
a frescura acesa e esperançosa no tempo
que ainda faltava.
Nos meus lábios
uma citação anónima dava o mote para a
ternura da tarde.
Quase um verso.
Escrevi na pele, rasguei bem fundo.
Se eu cravar a unha no sulco
e a dor perdurar para lá desta compreensão
quer dizer que ainda estou viva? Irá o meu
coração
saltar do peito aberto à velocidade da luz?
Quase um fio infinito de sangue e
pensamento e vida e amor.
Na
escrita e no rosto, tu disseste. Mas eu ainda não sabia
de ti.
Na
escrita e no coração, eu disse. E tu soubeste
de mim.
E é no rosto que exponho o meu coração
perante o teu poema
enquanto o crepúsculo escrevia um livro
inteiro nas bocas verdes.
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