Poema Um
X
é uma incógnita.
Uma
incógnita é igual a outra incógnita.
As
incógnitas são todas iguais entre si, sendo que
X
é igual à quantidade de todas as quantidades de X.
Que
X seja igual ao medo.
Assim,
X é igual ao tempo das guerras insanas
e
o número de mortos aproxima-se do infinito.
Nunca
terei o mesmo medo agora do que no futuro.
O
futuro do medo é o infinito da morte.
O
futuro do alívio é o futuro do mesmo medo.
A
morte dos outros é infinita e aceitável,
nunca
sendo assim insana, a não ser em tempo de paz.
Mas
X ainda é igual à quantidade de todas as quantidades de X.
Que
X seja igual à noite escura ou luminosa. Assim, X é o firmamento
das
constelações visíveis e invisíveis no imenso breu
e
o número de estrelas aproxima-se do mesmo infinito.
Nunca
verei todas as estrelas que existem no universo
dos
sonhos passados e futuros. O futuro dos sonhos
é
infinito como todo o tempo de todos os mundos
e
finito como a minha única morte.
O
futuro da luz é o passado da escuridão,
mas
a escuridão é infinita, nunca sendo assim luminosa,
excepto
quando sonho a luz das estrelas em tempo de guerra.
Adília César, in Revista Enfermaria 6
Imagem: Pablo Picasso: Rapariga em frente do espelho, 1932
óleo sobre tela, 162.3 x 130.2 cm, Museum of Modern Art, New York
Adília César, in Revista Enfermaria 6
Imagem: Pablo Picasso: Rapariga em frente do espelho, 1932
óleo sobre tela, 162.3 x 130.2 cm, Museum of Modern Art, New York
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